“Para funcionar, o mercado precisa realmente de um agente
catalizador, que é invisível, que é a confiança. Sem esse agente, o
mercado não funciona. Durante esses anos todos, os governos foram
permitindo que a imaginação ampliasse os negócios, que se criassem
derivativos, se criassem novas instituições. Em algum momento, ocorreu
um problema, que foi a crise do subprime. Na verdade, essa crise era
uma coisa restrita, inicialmente.”
(...)
“Sobre isso não há dúvida. O mais grave, no entanto, é que ele
(o Fed) continuou com a ideia de que não precisava regular, de que os
agentes do mercado teriam aquilo que Adam Smith (economista inglês
do século 18) chamou de o observador imparcial. Ou seja, acreditaram
na hipótese de que os agentes não fariam sacanagem nenhuma. Mas
ficou visível que esse mercado, com essa imaginação e com os incentivos
perversos que ele estabeleceu, como aquele sistema de bônus absurdo,
construiu isso que está aí. Em minha opinião, o Fed errou duas vezes.
Errou porque manteve a taxa de juros muito baixa durante muito tempo.
Ela foi permissiva, foi laxista e permitiu que tudo isso acontecesse. O
mais grave, no entanto, é que não houve o menor controle da qualidade
das operações.”
Delfim Neto
No trecho da entrevista acima, a respeito da crise financeira de 2008, é correto
afirmar que o economista Delfim Neto
a) indica a liberdade irrestrita dos agentes financeiros como a solução para
os problemas que dela resultaram.
b) aponta que o problema central da crise foi o excesso de regulação das
atividades financeiras e o desvio dos governos em relação às práticas
neoliberais.
c) entende que o problema se restringia ao subprime, pois os agentes econômicos
se autoregulariam.
d) acredita que a falta de confiança, ou seja, uma crise de crédito foi o fator
preponderante da crise deflagrada com o problema do subprime.
e) critica as práticas socialistas de controle e defende explicitamente a ampla
liberdade dos agentes financeiros.